Na filosofia kantiana, o mundo aparece dividido em sujeito e objeto, formas a priori e a posteriori,
razão e experiência. A coisa em si, que é contestada pelos idealistas
alemães pós-kantianos, indica que por baixo daqueles dualismos permanece
o absoluto, o ser em si das coisas, como algo que o pensamento não pode
conhecer. Só conhecemos, diz Kant, a maneira como as coisas aparecem
para nós, isto é, os fenômenos.
Para Hegel e outros idealistas, a cisão entre sujeito e objeto está incorreta, pois há uma identidade
entre sujeito e objeto; nada existe além do pensamento. O conhecimento
não é simplesmente o conhecimento do fenômeno, mas o conhecimento total.
O
absoluto – Deus (religião) e substância perfeita que não precisa de
nenhuma outra para existir (Descartes) –, para Hegel é tratado como
sujeito e, assim, passível de ser conhecido. A filosofia de Hegel
funda-se nesta tese: “O absoluto é sujeito”.
Em
suas críticas a Kant, Hegel destaca a necessidade de conhecer o
absoluto. Ele diz: “A essência oculta do Universo não tem em si força
alguma que possa oferecer resistência à ousadia do saber”. Por isso,
“tem de se abrir diante dele, colocando-lhe diante de sua visão, para
que as desfrute, suas riquezas e profundidade”.
A
cisão entre sujeito e objeto, oferecido por Hegel, assemelha-se às
Ideias Inatas de Platão. A diferença é que o mundo ideal de Platão era
imutável e transcendente, enquanto o de Hegel é imanente e demonstra a
sua existência porque sai de si mesmo (identidade indiferenciada) e se
desdobra num movimento de ascensão, convertendo-se primeiramente em
natureza (objeto), para depois passar ao sujeito (espírito).
O movimento de auto-reflexão da Ideia é analisado por Hegel em seus dois livros: 1) na Fenomenologia do Espírito (1807), estuda a ascensão pelo lado do sujeito; na Ciência da Lógica 1812-1816), pelo lado do objeto. Na Fenomenologia do Espírito, coloca em discussão todos os tipos de conhecimento, desde os obtidos pela imediatidade (consciência sensível) até os da autoconsciência.
Em sua dialética, procura passar do conhecimento do “eu”, individual, para o conhecimento do “nós”, coletivo. Esse nós é o sujeito do saber Absoluto.
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